20050330

Momento de poesia...

A fonte de Deus...

20050328

Peço desculpa pela interrupção...

... mas vou estar momentaneamente desligado à Internet.
Prometo regressar em breve.

20050327

Para acabar de uma vez por todas com o humor

Ao contrário do que se diz, o humor do jovens do "Gato Fedorento" não é "inovador". Por favor, parem com esse epíteto, pois esse humor (que dentro do género não é mau de todo) está mais do que visto, uma vez que o "non-sense" sempre foi património dos "Monty Python". A classificação de "inovador" só funciona em países onde a cultura média do povo é terceiro-mundista.
Os ingleses, esses sim, têm o humor "inovador".
Dou-vos um exemplo: num dos episódios do "Gato Fedorento" há um patrão que comunica ao empregado que está despedido e depois desata a rir-se e diz que é tudo uma brincadeira. Tem piada, mas já não é novo...
Agora, logo no primeiro episódio do "The Office", há a mesmíssima cena, mas no fim, o caso torna-se tenso e realisticamente incomodativo, com a empregada a chorar compulsivamente perante a ideia de perder o emprego.
A cena deixa de ser humorística e torna-se num drama incomodativo em poucos segundos e o patrão, que era um brincalhão, é humilhado e insultado pela empregada quando tenta remendar a situação... E, por incrível que se nos pareça, há mentes doentias (eu, por exemplo), que se riem com aquilo...
Por isso, por favor, poupem-nos com o isso do "fenómeno" dos "Gato Fedorento"...
Fico triste cada vez que nos querem "vender" essa ideia...
E acho que eles até concordam comigo.

Sean Penn quer matar Richard Nixon

Sean Penn nunca digeriu bem os atentados do 11 de Setembro de 2001. Conforme disse numa entrevista à "Time Out", na noite anterior tinha estado acordado até às 4 da madrugada a debater a questão do terrorismo. Ainda por cima, o actor sabia que, em 1974, tinha havido a tentativa de desvio de um avião pela parte de um homem que queria atirá-lo sobre a Casa Branca e matar o presidente Nixon, pelo que, como faz notar: "It was an attempted hijacking with a notion of flying a plane into the White House. So our FBI and Secret Service must have never considered the possibility of 9/11, huh?".
A história baseada na vida de Samuel Byck está agora nos cinemas portugueses. O filme chama-se "O Assassínio de Richard Nixon" e recomenda-se, tanto mais que a interpretação de Sean Penn faz-nos esquecer que este homem já foi um dia casado com Madonna.

20050326

Memórias de Freitas

Freitas do Amaral, fundador do CDS e actual ministro dos Negócios Estrangeiros do governo socialista do primeiro-ministro José Sócrates, publicou em Novembro de 2003 um pequeno livro autobiográfico intitulado "Ao Correr da Memória - Pequenas Histórias da Minha Vida", onde relata o almoço a 4 de Dezembro de 1980 entre si e o primeiro-ministro social-democrata Sá Carneiro, que viria a falecer tragicamente nessa mesma noite na queda do avião em Camarate, e do qual Freitas do Amaral também foi ministro dos Negócios Estrangeiros.
Como se poderá constatar, já nessa altura, Freitas do Amaral não se importaria nada de não continuar à frente do partido que fundou:

"(...) Sá Carneiro afirmou:
- Se ganhar o general Eanes, eu já declarei que não continuo no Governo. O Diogo, com muita lealdade para comigo, também disse o mesmo. O que se vai passar a seguir é fácil de prever: alguém do meu partido vai aceitar ser Primeiro-Ministro com o Eanes. Nessa altura, eu abandonarei o PSD e ficarei uns tempos fora da política, a deixá-los espetarem-se.
Eu [Freitas do Amaral] intervim:
- Por mim, farei o mesmo. Até porque o CDS também vai querer ficar no Governo, mas eu não.
Sá Carneiro continuou:
- Não dou mais de 6 meses ou 1 ano a esse governo. O Eanes e o Conselho de Revolução não o deixarão governar. Quando isso se tornar patente, eu atacarei em força, fundarei um novo partido, e estou certo de que as bases do PSD virão todas comigo.
Depois acrescentou:
- E você, Diogo? Aceitaria fazer parte comigo desse novo partido?
Respondi imediatamente:
- É claro que sim, Francisco. Não hesitava um minuto.
Sá Carneiro fez um grande sorriso, puxou uma nova fumada no seu charuto, e rematou:
- Finalmente, estaríamos ambos no mesmo partido!
Senti que ele o desejava no mais íntimo do seu ser. Era o produto de um ano de excelente colaboração".

Invejosos

Há umas semanas sugeri aqui que a manchete do "Tal&Qual" poderia ser "Joaquim Oliveira - a verdadeira história do homem que nos comprou".
A revista do "Expresso" desta semana fez-me essa vontade...
Entretanto, comprei o livro de Sofia Pinto Coelho, "Jornalistas e Tribunais", e li que o jornalista Carneiro Jacinto foi condenado a pagar 500 contos a Joaquim Oliveira porque, em 1992, durante uma entrevista na TSF a Sousa Cintra, então presidente do Sporting, afirmou:

"A mim contam-me histórias, por exemplo, assim: aquele clube desceu porque não fez os contratos com o Joaquim Oliveira para lá ter placards de publicidade (...) E aqueles jantares e cafés e tal, que se fazem... e escolhe o árbitro para aqui, depois aparece um livre à entrada da área e é golo? Ele não tem nada a ver com isso?"

Dez anos volvidos, há uma investigação judicial a decorrer sobre casos de corrupção no futebol português, mas não me parece que Joaquim Oliveira esteja envolvido.
Está mesmo provado que o futuro dono do "império" da Lusomundo, afinal, estava inocente.
Para mim, aquele género de afirmações são apenas demonstrações de inveja de uns quantos de Lisboa, por ter sido um homem do Norte que teve olho para o negócio da publicidade no desporto português.
E não, não estou a ser irónico...

Perguntas ingénuas

O "Expresso" desta sexta-feira Santa está cheio de perguntas ingénuas...
Para além daquela pergunta do editorial que registei no "post" anterior sobre o homem que terá assassinado os dois polícias na Amadora, registo a pergunta da cronista Clara Ferreira Alves sobre a atribuição de uma medalha da Defesa Nacional a Frank Carlucci, antigo embaixador norte-americano em Portugal: "Porquê agora?"
A cronista interroga-se sobre a atribuição da uma medalha como um último acto de Paulo Portas, antigo ministro da Defesa. Sem esquecer outra medalhinha para a mesma pessoa já atribuída há pouco tempo pela própria Presidência da República.
Clara Ferreira Alves sugere ainda o visionamento de um documentário intitulado "CIA, Guerras Secretas", onde o nosso conhecido Carlucci "aparece em todo o seu esplendor" e aconselha ainda a consulta na "net" sobre as ligações perigosas desta "personagem sinistra quanto baste" com actuais nomes na Casa Branca, nomeadamente Donald Rumsfeld.
O autor do referido documentário, William Karel, por acaso, foi aqui mencionado no passado dia 18, mas a propósito de um falso-documentário sobre a ida do homem à lua. Contudo, ao contrário do que diz a cronista, o documentário "CIA, Guerras Secretas" não me parece estar ainda disponível em DVD. Só se Clara Ferreira Alves confundiu com o "Le Monde Selon Bush", onde também surge Frank Carlucci.
Agora, para responder à pergunta ingénua da Clara Ferreira Alves, digo que, para mim, é óbvio que Frank Carlucci foi condecorado porque os nossos governantes sabem bem o que ele fez pela classe política portuguesa: permitiu-os tornarem-se nos simples capatazes dos norte-americanos, pois Portugal é, desde o 25 de Abril de 1974, a quinta privada de Frank Carlucci e demais companheiros.
Nada mais simples.
Só não sei porque ainda fazem estas perguntas...

Cada vez menos detalhes para uma história mal contada..

Quinta-feira, no "Independente", e ontem, no "Expresso", não descobri nada de novo em relação à passagem pela Bósnia do supeito da morte dos dois polícias na Amadora. Contudo, o "Expresso", que nos informou que o indivíduo, Marcus Fernandes, poderia alugar as armas para casos específicos, coloca no editorial uma pergunta "ingénua": "Por que [a polícia] esperou que ele matasse para lhe deitar a mão?".

20050323

Hitler é que devia ser comparado a Bush

Acho muito mal que se esteja a atacar Freitas do Amaral com esta história dele ter ou não comparado Bush a Hitler, quando, na realidade, e conforme o diário britânico "The Guardian" publicou há uns tempos, a família Bush é que terá "ensinado" os Nazis e não o contrário...

Mais detalhes para uma história mal contada...

Ainda sobre a detenção do indivíduo suspeito da morte dos dois polícias na Amadora, o diário "Público" publica hoje mais detalhes (que, por estranho que pareça, mais nenhum outro jornalista conseguiu "desenterrar"...).
É uma pequena notícia na página 29 com o título "Brasileira terá ajudado a PJ a chegar a Melides".
Explica o artigo que uma brasileira conheceu o indivíduo e este, há duas semanas, levou-o até à casa em Melides, Santiago do Cacém. A brasileira, por não estar satisfeita com a estadia, regressou à Amadora e o indivíduo foi procurá-la. Houve depois um desentendimento com troca de ameaças entre ambos, pelo que a polícia teria sido chamada para identificar o homem.
O resto já se sabe.
Agora percebe-se que os polícias não sabiam que o indivíduo era potencialmente perigoso e já com mandato de captura internacional quando o abordaram. Nem sequer sabiam que sabia manejar armas de guerra, como aquelas que viriam depois a ser descobertas em sua casa, juntamente com fotos suas em cenários de guerra na Bósnia...
Ao juntar as notícias de ontem e hoje, constato que os agentes da PSP foram chamados com o intuito de resolver uma briga sentimental e "apanharam" com um indivíduo que já era procurado internacionalmente, experiente no manuseamento de armas de guerra, detentor de um arsenal pessoal e com registo fotográfico de pela menos uma passagem por cenários de guerra na Bósnia...
Fico à espera de mais notícias, pois este caso começa a ser cada vez mais interessante...
Está mal contado, isso sim, mas é cada vez mais intrigante...

20050322

História mal contada...

Sobre a detenção do indivíduo suspeito de ter morto a tiro dois agentes da PSP, na passada noite de sábado, na Amadora, li hoje alguns detalhes no "Público" e conclui que estamos perante uma história muito mal contada.
Primeiro, a PJ descobriu um autêntico arsenal em sua casa, no Alentejo.
Depois, li isto: "Sabe-se que nos anos 90, o suspeito participou em acções militares na Bósnia". E, mais à frente no mesmo texto: "Também possuía um crachá da PSP e centenas de fotografias onde aparece em cenários de guerra na Bósnia, armado e no meio de casas despedaçadas pelos combates".
Mas o homem era mercenário ou fazia parte de algum contigente militar?
Quem nos explica isto?

20050321

Sem surpresas...

... o Sporting lá ganhou.
E ainda houve a expulsão de dois jogadores do FC Porto. Só espero mesmo que o campeonato nacional seja decidido na última jornada, com o Boavista-Benfica. De resto, nem sequer perdi muito tempo a ver o jogo. Estive a assistir à "Quinta das Celebridades 2", na TVI, onde estão lá várias pessoas que conheço pessoalmente, especialmente o Jorge Veríssimo Monteiro, mais conhecido como "Capitão Roby"...

Apostas na bola

Isto dos resultados do futebol até que é uma ciência exacta, porém é preciso saber quem pagou mais... De acordo com as investigações do "Apito Dourado" sabemos que existem esquemas de corrupção no futebol.
Para mim, esse negócio de bastidores há muito que acabou com a beleza do jogo, por isso assisto aos jogos de futebol sem qualquer chama de paixão uma vez que penso sempre que já existe alguém que conhece antecipadamente o resultado final...
Falhei nas minhas recentes previsões (até que nem se safei mal durante o Euro2004...) e não pretendo encontrar uma desculpa, mas constato que estamos perante um dos mais disputados e incertos campeonatos de sempre.
Veja-se que até o Benfica continua na corrida...
Os factos apontam para a necessidade do Sporting ganhar hoje frente ao FC Porto. Mantém-se assim a equipa de Alvalade na corrida pelo título e dá-se a coincidência de ficarem a seis pontos do Benfica, juntamente com o Braga e Boavista.
Nada mau para o negócio...

20050318

Viagem do homem... e há lua!

Perguntaram-me há uns tempos qual era a minha opinião sobre aquela velha questão do homem ter ido ou não à lua. Confesso que esta foi uma conspiração que nunca ocupou muito do meu tempo, porém lembrei-me de um documentário que um amigo meu viu há uns anos e que, infelizmente, nunca tive a sorte de assistir. Desse trabalho apenas conheço o que ainda se pode ler no site do canal franco-alemão "ARTE" - o tal que foi criminalmente banido da grelha na nossa TV Cabo...
Trata-se de um falso-documentário, ou seja, um filme de ficção realizado em jeito de documentário, que parte da teoria de que o realizador Stanley Kubrick, que tinha acabado de fazer o "2001", foi convidado pela Casa Branca para produzir as imagens da chegada do homem à lua - uma vez que ficava mais barato mostrar as imagens e assim se ganharia a corrida espacial contra o russos.
Graças a esse feito, Kubrick receberia depois as lentes especiais da NASA com que filmou "Barry Lyndon" e o segredo que transportava levou-o a viver numa espécie de reclusão auto-forçada até ao fim da sua vida.
O autor deste documentário é William Karel, que recentemente fez o "Le Monde Selon Bush". Este último está disponível em DVD. O outro não.

20050316

Apostas às postas

Falhei a minha previsão de ontem sobre o jogo do FC Porto. Explico que a minha convicção partia do princípio de que seria dada uma "oportunidade" a José Mourinho de se "vingar" da derrota no Estádio do Dragão, em Dezembro passado (lembram-se? quando o FCP precisava de ganhar e o Mourinho até podia perder...). Mas, prontos!, ficou-se o FC Porto por aqui...
Agora, não sei se o Benfica vai ter o caminho facilitado...

20050315

Apostas...

Estou convicto de que o FC Porto vai eliminar hoje o Inter de Milão e vai seguir em frente na Liga dos Campeões, mas vai perder na final contra o Chelsea.
Também estou convencido de que o Sporting vai jogar a final da taça UEFA em Alvalade.
Se isto bater certo, o Benfica até poderá ser campeão este ano, mas vai sofrer um pouco. Por exemplo, vai já perder contra o Vitória de Setúbal na próxima jornada.

Um homem, um voto?!

Recebi esta mensagem e fui verificar.
A conclusão é assustadora...

"Dado o teor do seu blog, penso que terá interesse em conhecer a informação que se segue.
Quer saber quanto valeu o seu voto num sistema eleitoral em que...

... 96.000 pessoas elegem três deputados num círculo, enquanto noutro bastam 91.000 para eleger cinco?

... um deputado é eleito com pouco mais de 16.000 votos, quando outro fica fora do Parlamento obtendo 22.000?

... a Assembleia da República teria idêntica composição mesmo que mais de 880.000 votos não tivessem sido colocados nas urnas?

Então leia o estudo “Diz-me onde votas, dir-te-ei quanto vales” sobre as Legislativas do passado dia 20 de Fevereiro.

Depois coloque dúvidas, critique, dê sugestões, divulgue, imprima, distribua pelos amigos que não têm Internet, expresse a sua indignação, se for caso disso".

20050313

"Sócrates sossega Bush"

A manchete do semanário de referência "Expresso" é a notícia de que o presidente norte-americano George W. Bush telefonou na sexta-feira da semana passada para o recém-eleito primeiro-ministro português, José Sócrates, e que este "sossegou-o" em relação às futuras relações entre Portugal e os EUA. Algo que pareceu ter estado em dúvida devido à escolha de Diogo Freitas do Amaral para o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.
Posso dizer-vos que tive acesso à gravação dessa conversa e eis a reprodução do telefonema:

-------Início da gravação----------
- Sim, daqui é Bush, estou a falar com o primeiro-ministro Sócrates?
- Sim, senhor presidente, como está?
- Ainda não tivemos o prazer de nos conhecermos pessoalmente, mas creio que temos amigos em comum...
- Sim, é verdade. Fui apresentado a uns rapazes muito simpáticos em Junho passado, em Itália, quando estive lá para a reunião de Bilderberg. Também o Barroso já lhe deve ter contado coisas sobre mim...
- Sim, o Barroso. Bom rapaz... está agora em Bruxelas, não é?! Lembro-me que serviu-nos uma boa refeição, nos Açores, quando lá estive com o Blair e aquele baixinho de Espanha... Como é que ele se chamava?!..
- Aznar, senhor presidente...
- Sim esse. Agora diga-me lá uma coisa: ouvi dizer que escolheu um ministro para os Negócios Estrangeiros que chegou a comparar-me com Hitler...
- Senhor presidente, por favor, compreenda que isso foi numa altura difícil da vida desse homem, quando ele corria o risco de vir a ser esquecido... Ele disse isso naquela altura em que parecia "bem" falar contra a guerra no Iraque, para equilibrar as cartas. Até o Mário Soares (cumprimentos para o senhor Carlucci) esteve ao lado dele... Garanto-lhe que já falei com o novo ministro ele disse que, agora, com este regresso à "normalidade", está tudo garantido para o futuro. Olhe, ele até mandou cumprimentos para o senhor seu pai e lembra-lhe que era ele o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, em 1980, quando houve aquela crise dos reféns no Irão e foi necessário mandar armas para Teerão de modo a que os reféns não fossem libertados a tempo do senhor seu pai ganhar as eleições contra o Jimmy Carter...
- A sério? Caramba, você até se parece comigo, pois eu ainda tenho aqui gente desse tempo a dizer-me o que devo fazer!
- Pois é, está a ver... Isto está tudo na mesma! Não mudou nadinha... e não se preocupe que a sua base nos Açores estará sempre à disposição para o que der e vier...
- Muito bem ò Sócrates. Assim fico mais descansado. Um abraço e até à vista.
- Até à vista, senhor presidente e, já agora, se não se importa vou até telefonar para um jornal de referência daqui do quintal para que noticiem esta nossa conversa e demonstre como este nosso empenho é sincero...
- Também não é preciso exagerar, ò homem!
- Não custa nada, eles até vão agradecer pois foram eles que patrocinaram a minha ida a Bilderberg e a conquista do lugar em S. Bento!
- Ah! Esses! Claro... Um abraço.

------Fim da gravação-----

20050312

O mistério dos apóstolos de Lisboa

Numa visita ao Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, reparei num quadro do pintor português Cristóvão de Figueiredo intitulado "Trânsito da Virgem", retratando a morte da mãe de Jesus, a Nossa Senhora.
A Nossa Senhora, Maria, morreu mais tarde após o sacrifício do filho na cruz. O local onde viveu os útimos dias fica na Turquia, perto de Ephesus.
No quadro, Maria está deitada numa cama e, à sua volta, estão os apóstolos que antes seguiam o filho.
É certo que estas pinturas são meramente simbólicas, daí que haja depois espaço para todas as criações artísticas e especulações de quem as contempla, como é já conhecido com o caso da "Última Ceia" de Leonardo da Vinci.
A revista "Sábado" desta semana ofereceu o primeiro exemplar de uma colecção dedicada aos grandes museus do mundo, sendo o primeiro volume dedicado a este museu de Lisboa.
O quadro que menciono aqui, para quem ainda não o viu ao vivo, está reproduzido nas páginas 148 e 149 deste volume.
Na página 150, porém, pode-se ler esta descrição do mesmo:

"Nesta obra do artista português, em actividade entre 1515 e 1543, vemos a Virgem no seu leito de morte, ao mesmo tempo que segura um círio entre as mãos, e é confortada por São João Evangelista, que se encontra junto dela na cabeceira da cama. A obra, que conta com a presença dos doze apóstolos, destaca as figuras de Santo André que agita um incensório, e de São Pedro, que preside à cerimónia, segurando um livro".

Sim leram bem: "conta com a presença de doze apóstolos"...
Sim, doze (12). Não é engano. São mesmo doze (12) à volta da Virgem...
Pergunto como podem estar presentes "doze apóstolos" quando Judas, aquele que traiu Jesus Cristo, enforcou-se pouco depois da crucificação?!
Ainda por cima, quem olha para o quadro não consegue ver onde está Judas, visto que não surge nenhuma figura com a habitual veste amarela que sempre identificou este apóstolo...
Quem é então esse décimo segundo elemento presente no leito de morte da Virgem?
É-nos dito ainda que São João Evangelista está junto da Virgem à cabeceira da cama. Isso é fácil de ver porque ele é o único que não tem barba e é a mais jovem figura de todos. Recorde-se que é esse apóstolo que no quadro da Leonardo da Vinci poderá ser a "sugestão" de Maria Madalena...
No meio dos apóstolos, ao pé da cama, está ainda uma figura de barba que se parece bastante com as representações que conhecemos de Jesus Cristo, sendo a sua barba menos branca que os demais presentes, e as suas roupas são encarnadas, como as roupas de João.
Será aquele o "verdadeiro" João, daí o facto de ter mais novo e estar identificado com uma barba menos branca do que a dos restantes companheiros?
Ou será aquele apóstolo Jesus, que teria "descido dos céus" para estar presente nos últimos momentos de vida da sua mãe?
Se é mesmo Jesus, então por que não está ele devidamente identificado e colocado num lugar com mais destaque?
Agora, para nos "irritar" ainda mais nestas constatações, convido-vos ainda a apreciar as pinturas de um outro artista português exposta no mesmo museu de Lisboa.
Gregório Lopes, da década de 1520, é o autor de um retábulo com várias cenas da vida da Virgem.
A última cena, obviamente, é a da morte. Porém, desta vez, já a história bate certo, visto que não são doze os apóstolos presentes, mas sim onze (11)...
Podem ver a reprodução da cena na página 116 do livro oferecido pela revista "Sábado" desta semana.
E lá está, a segurar as mãos da Virgem com o círio, o mesmo apóstolo jovem, com as suas roupas encarnadas.
Só que o "mistério" não se fica por aqui, uma vez que, na página seguinte, a 117, há uma descrição desta cena onde se lê o seguinte:

"Encostada a almofadões, a Virgem tem uma vela numa mão e a outra mão dada a Maria Madalena".

"Maria Madalena"?!
For favor, decidam-se!
Então aquela figura jovem que nos dois quadros segura a mão da Virgem com o círio, e está identificada pelas mesmas cores, afinal é Maria Madalena ou São João Evangelista?
Ainda na mesma página 117 é destacado o detalhe desta figura e, de uma forma inequívoca, informa-se:

"A imagem de Maria Madalena ocupa um lugar privilegiado nesta composição. Pintada com uma cabeleira loura encaracolada, inclina-se com uma fervorosa devoção para a mãe de Cristo. A humanidade do seu gesto, dando carinhosamente uma mão à Virgem e ajudando-a a segurar na vela com a outra, é um elemento de emotividade".
Não é preciso ir a Milão procurar o Graal.
Há muito que ele está neste nosso País, o "Porto do Graal".

20050307

Era uma vez no Iraque

Há dias ouvi a notícia de que as tropas norte-americanas no Iraque mataram, "por engano", um agente dos serviços secretos italianos após a libertação de uma jornalista que tinha sido raptada. Não dei muita atenção àquilo e lembro-me que despachei toda a vontade em querer saber mais com um comentário para uma pessoa amiga: "Por engano, o tanas! O tipo deveria ter visto algo que não convinha aos americanos, por isso é que teve de ser eliminado..."
Aviso ainda aqueles que não me conhecem que, muitas vezes, quando digo estas coisas, trata-se apenas de um desabafo, sem qualquer intenção mais séria. Não gosto de falar daquilo que não sei, ou quando não disponho dados suficientes para elaborar uma opinião séria...
As minhas opiniões sobre estas situações são meramente intuitivas e de partilha pessoal, se assim as quisermos caracterizar.
Aliás, se têm reparado aqueles que acompanham este blogue, que pouco ou mesmo nada tenho escrito sobre o Iraque - bastou-me perceber que era uma guerra "autorizada" quando vi o Mário Soares e o Vicente Jorge Silva a lancharem calmamente no Rossio após a manifestação de repúdio à intervenção norte-americana no Iraque quando, afinal, em 1987, estes dois senhores ajudaram a fazer "desaparecer" um inquérito parlamentar ao negócio do tráfico de armas norte-americanas por Portugal no âmbito do escândalo do "Irangate", o que também acabou por dar origem à primeira maioria absoluta de Cavaco Silva. Aquelas declarações contra a guerra foram assim apenas para "cumprir calendário", pois tanto Mário Soares, como o agora "novel" ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, eram peões sem grande poder de decisão no xadrez político da altura. Aliás, estavam bem no seu lugar, para dar uma imagem de contestação a uma decisão que já fora tomada, em Junho de 2002, aquando do encontro do grupo de Bilderberg em Washington.
Hoje, contudo, ao ler a crónica da página 2 do "Correio da Manhã", assinada pelo meu antigo camarada do "Tal&Qual", o jornalista Ferreira Fernandes, li esta "pérola":

"Já com Giuliana no carro, os polícias e um motorista iraquiano dirigiram-se para o aeroporto de Bagdad a toda a velocidade. As notícias ainda não são certas, mas num 'check-point' americano o carro foi metralhado, o polícia Calipari foi morto e outro colega, ferido. A própria jornalista teve um tiro no ombro. o jornal para o qual ela trabalha 'Il Manifesto', fez capa dizendo que o polícia foi assassinado. Porquê? Os soldados atiraram, sabendo que iam naquele carro polícias italianos e uma jornalista ex-raptada? Eu não diria isso. O cenário mais verosímil é este: em Bagdad, onde são usuais atentados suícidas, um carro aproximou-se de um posto de controlo com velocidade imprudente e levou tiros.
Em situações extremas como as de guerra, as palavras certas são ainda mais caras e necessárias"

Na página 30 do mesmo diário, a jornalista italiana diz que o seu carro "não ia muito depressa".
É uma questão de perspectiva, portanto.
Compreendo a certeza de Ferreira Fernandes. Ele já teve algumas experiências com a polícia norte-americana numa altura em que andou a viajar de carro pelos EUA...
Agora, expliquem-me estas coisas:
Os serviços secretos italianos actuaram sem informar os "amigos" norte-americanos?
Se o carro italiano ia depressa, como explicar o único tiro certeiro na cabeça do agente dos serviços secretos italianos? (Sim, é possível que tenha sido mesmo engano..., mas não deixa de ser um azar do caraças...)
Por isso é que eu prefiro não opinar sobre este atoleiro de desinformação que se chama Iraque.
Seria bom que jornalistas competentes como Ferreira Fernandes também se calassem quando falam do Iraque. Faziam melhor trabalho, por exemplo, se seguissem os negócios de armas por Portugal que alimentam este conflito.

20050306

Autógrafos e compras on-line

As sessões de autógrafos são sempre cheias de histórias e é bom conhecer algumas das pessoas que leram os nossos trabalhos. Mas, não posso deixar de salientar aquele leitor que na sessão de sexta-feira, no cinema King, em Lisboa, disse ter vindo de propósito do Algarve. Só tenho de lhe dizer, mais uma vez, obrigado.
Já agora, para aqueles que gostariam de poder comprar os meus livros "on-line", experimentem aqui.

20050303

No tempo em que os animais falavam...

Cumprem-se hoje exactamente 30 anos em que foi publicada na primeira página do vespertino "A Capital" a notícia de que a CIA preparava um golpe de Estado em Portugal antes do fim do mês de Março.
Nove dias depois aconteceu o 11 de Março, o que provocou o exílio de Spínola e a viragem à esquerda no rumo da revolução.
Até Novembro...
Pode parecer uma notícia surrealista, mas tudo isto aconteceu há muito tempo, num Portugal bastante diferente do de hoje, numa Europa também ela muito diferente da actual. Porém, olhando para a notícia à luz dos dias de hoje, constata-se que nunca os socialistas se uniram aos comunistas e nunca os EUA perderam o direito de usarem a base das Lajes (algo que os alemães temiam, visto que isso iria significar que seriam eles o último aliado dos norte-americanos na Europa e que poderio colocá-los debaixo de um boicote petrolífero por parte dos países árabes...).
A última vez que a base das Lajes serviu para alguma coisa - a reunião de preparação para a invasão do Iraque - foi em Março de 2003. E, recorde-se, Frank Carlucci ("agente da CIA", ou "Carluccia") também esteve em Lisboa nessa altura.

Eis alguns extractos da notícia de há 30 anos:

"Um golpe de Estado em Portugal, ainda antes do fim de Março”, estaria a ser preparado pela CIA, revela a revista “Extra”, editada em Berlim Oeste. Em dois artigos consagrados ao assunto, aquela revista, de orientação marxista-leninista e com penetração no meio estudantil, denuncia que a “aspiração máxima" da CIA, para Portugal, é a guerra civil, estando igualmente planeada a eliminação, “possivelmente o rapto”, do brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho. Segundo a “Extra”, o governo alemão ocidental, nomeadamente através do seu embaixador em Lisboa, e o S.P.D., o partido de Willy Brandt, actualmente no poder, estariam a colaborar estreitamente com a CIA na preparação daquele plano, que visava derrubar o Governo português. Do lado americano, o actual embaixador em Lisboa, Frank Carlucci (“agente da CIA”), teria “assumido a condução das operações”. A revista berlinense faz ainda eco da preocupação da República Federal Alemã face a uma eventual recusa do governo português em permitir a utilização da base das Lajes pelos americanos, em caso de novo conflito no Médio Oriente, e da perspectiva de “um pesado apoio financeiro da República Federal e dos Estados Unidos, destinado sobretudo à ala direita do partido de Mário Soares”.

E ainda sobre as eleições previstas para Abril de 1975:

"Objectivo: Impedir que os socialistas portugueses se unam aos comunistas. Este objectivo deverá ser conseguido através de um pesado apoio financeiro da República Federal e dos Estados Unidos, destinado sobretudo à ala direita do partido de Mário Soares. Uma das pessoas de confiança do lado português é o secretário de Estado das Finanças, Constâncio. O S.P.D. prometeu já à ala direita do Partido Socialista a quantia de 90 mil marcos (aproximadamente 900 contos), quantia essa que seria enviada seguidamente para a Internacional Socialista. Para o caso da já esperada recusa dos socialistas italianos, foi preparada outra solução: após a visita de Brandt e de Friedrich a Lisboa, um colaborador de Friedrich-Ebert-Stiftung reservou uma parte da quantia para ser enviada para o Porto."

20050301

Agenda

Comunicado das Edições Polvo de hoje:

Frederico Duarte Carvalho estará na próxima 6ª feira, 4 de Março, pelas 17H00, na livraria Assírio e Alvim sita no Cinema King em Lisboa, para autografar as suas obras “Poeta & Espião – A verdadeira história de Oswald Le Winter” e “Eu sei que você sabe – Manual de Instruções para Teorias da Conspiração”.

Sugestão...

Eis uma sugestão para a manchete do "Tal&Qual" da próxima sexta-feira:

"Joaquim Oliveira - a verdadeira história do homem que nos comprou!"