20040505

Cinco factos

Facto 1 - Notícia de hoje da revista "Focus", páginas 32 e 33, artigo intitulado "Tudo o que Ferro Rodrigues disse", sobre a ida do líder do PS ao DIAP, a 4 de Junho de 2003, onde falou sobre o processo da Casa Pia.
A dada altura pode-se ler: "A 14 de Maio [de 2003], mais um encontro. Agora com o militante do PS João Carlos Silva, ex-presidente da RTP, na Assembleia da República. João Carlos Silva trazia informações recolhidas, uma vez mais, junto de Moita Flores. Estariam também envolvidos no escândalo o antigo primeiro-ministro Cavaco Silva e o ex-Presidente da República Ramalho Eanes, sob suspeita de práticas pedófilas. O líder do PS disse ao DIAP que, depois de ouvir estas informações, ficou 'mais tranquilo', dado o absurdo das imputações- a Cavaco e a Eanes-, que se somavam às primeiras.
A tranquilidade durou pouco. António Costa falou no dia seguinte [15 de Maio de 2003] e avisou-o que estaria iminente uma acção contra Paulo Pedroso. Ferro disse ao DIAP que nunca questionou as fontes de Costa 'uma vez que havia sido ministro da Justiça e conhecia pessoas fortemente informadas'.

Facto 2 - Primeira página do semanário "Expresso" de 17 de Maio de 2003, onde se diz que Ferro Rodrigues e Durão Barroso estiveram nesse fim-de-semana, em Paris, a participar numa reunião do grupo Bilderberg (associação com cariz secreto entre empresários e políticos).

Facto 3 - Continuação da mesma notícia de hoje da "Focus":"Depois de Paulo Pedroso ter sido detido, Ferro Rodrigues e António Costa passaram a adoptar uma estratégia de contacto directo com várias figuras do Governo e da comunicação social para diminuir o impacto da detenção de um deputado socialista.
António Costa, disse Ferro Rodrigues, contactou o ministro da Presidência, Morais Sarmento, para lhe dar conta do que se passava. O objectivo era fazer chegar ao primeiro-ministro, Durão Barroso, a mensagem de que Ferro estava a ser investigado e evitar que os membros do Governo começassem a falar da detenção de Paulo Pedroso e da implicação de dirigentes do PS no processo Casa Pia."

Facto 4 - Um artigo intitulado "Ferro e Bilderberg", publicado aqui, no "Para Mim Tanto Faz", datado de 14 de Novembro de 2003, sexta-feira, um dia depois da saída da revista "Visão" com uma entrevista a Ferro Rodrigues:

Na "Visão" de ontem, entrevista a Ferro Rodrigues, o líder do PS diz a certa altura que "houve muito pouca gente a saber, entre os dias 12 e 21 [de Maio, vésperas da detenção de Paulo Pedroso], o que estava em marcha. Mas nós só fizemos aquilo que a nossa consciência nos obrigava a fazer. No meio deste processo tão difícil, estive numa reunião em Versalhes, como convidado daqueles encontros de Bildberg, durante dois dias, sempre com o telemóvel de prevenção para falar com o Paulo Pedroso e, claro, com o António Costa".
Os encontros de Bilderberg (e não Bildberg, como erradamente apareceu na revista), são encontros anuais, com características secretas, organizados entre políticos e grandes magnatas.
Tais encontros não permitem a presença de jornalistas, pelo que pouco se conhece do teor das conversas. Aliás, muita gente interroga-se sobre o que realmente é ali "cozinhado", visto que, se é supostamente bom para todos nós, então porque não publicitam e estimulam este género de reuniões?!
É, por isso, interessante notar a menção de Ferro Rodrigues a este encontro secreto em particular. Ainda por cima, quando surge na sequência de uma afirmação de que "muito pouca gente sabia" do que se estaria a passar em relação à Casa Pia e ao envolvimento do seu nome e do de Paulo Pedroso.
Será que os outros portugueses que também estiveram em Versalhes naqueles dois dias falaram disso com Ferro?
Será que ele desbafou os seus problemas com os portugueses que encontrou por lá?
Será que depois falou desse "desabafo" ao telefone com António Costa e isso está nas escutas ao seu telefone?
Como então explicar esta menção a Bilderberg, que Ferro Rodrigues fez questão em publicitar, ao arrepio de todas as normas de secretismo que se escondem por detrás daquela organização mundial?
Será isto um "aviso" para alguém?
E, já agora, quem foram os outros portugueses referenciados nesse encontro de Bilderberg de 2003?
Esta última é fácil de responder. Vejam aqui.

Facto 5 - Ainda mais um dado do artigo de hoje da "Focus":"Para Ferro, havia a 4 de Março de 2003 [aqui julgo que o jornalista queria dizer 4 de Junho, dia das declarações do líder do PS no DIAP, mas adiante] duas hipóteses para o seu nome e o de Pedroso estarem envolvidos no caso de pedofilia. Uma, a de que os seus inimigos políticos o quisessem abater, pois tinha já tomado 'posições antiamericanas' e era acusado de querer uma 'convergência à esquerda' com o PCP. A outra, defendida por António Costa, era a da 'maquinação' denunciada por Ferro, mas com o fim de destruir a investigação".

Conclusão: Não sei se Ferro e Barroso falaram sobre Cavaco e Eanes durante o encontro do grupo Bilderberg, em Paris. Os jornalistas não nos explicam isso e os políticos não querem falar sobre isso.
Mas, o certo é que Ferro nunca mais foi incomodado e já não se anuncia uma convergência do PS com o PCP. Quanto à investigação... veremos.
Agora, estes são os líderes que temos.

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