20031026

Artigo 22 e manobras na Casa Branca

Um dos mais recentes DVD's lançados pelo diário "Público" é o "Manobras na Casa Branca" - "Wag the Dog", no original -, realizado por Barry Levinson.
Muitos já devem conhecer a história (onze dias antes das eleições nos EUA, e a meio de um escândalo sexual, os homens do Presidente dos EUA procuram um produtor de filmes de Hollywood para encenar uma guerra falsa para distrair/manipular a opinão pública norte-americana e assim permitir a reeleição do presidente), e sabem que o paí­s escolhido para ser a "ví­tima" da falsa guerra é a Albânia.
Outros mais interessados devem ainda saber que este filme é baseado num romance de 1993, intitulado "American Hero" e escrito por Larry Beinhart. Este nome vem na ficha técnica do DVD e o jornal "Público" cumpriu com a missão informativa ao mencioná-lo no texto de apresentação na semana em que foi lançado o filme.
Mas, o que não nos disseram é que o paí­s original do livro não era a Albânia, mas sim o Koweit, e que toda a trama estava baseada na primeira guerra no Golfo Pérsico do pai Bush contra Saddam Hussein...
No fim do livro "American Hero", Larry Beinhart assina um texto onde lança 39 perguntas, cuja última questão é: "Como é possí­vel que, sendo Saddam um outro Hitler, continuar no poder?"
Este livro de Beinhart foi ainda comparado a uma outra obra literária sobre a guerra: "Catch 22", de Joseph Heller.
Um livro que também foi adaptado em 1970 para o cinema, por Mike Nichols (com as interpretações, entre outros, de Orson Welles, Jon Voight, Anthony Perkins, Martin Sheen e Arthur Garfunkel), e que também tem uma versão em português ("Artigo 22").
E o que é o "Artigo 22"?
No livro de Heller, cuja acção ocorre durante a Segunda Guerra Mundial, no seio de um grupo de aviadores no Mediterrâneo, fica-se a conhecer o que é o "Artigo 22" quando o herói da obra, Yossarian, pergunta ao médico da base militar como pode tirá-lo da lista de missões aéreas. O diálogo é algo que vale a pena conhecer:

"Segundo os regulamentos, devo tirar quem é doido", responde o médico.
"Eu sou! Pergunte a quem quiser! Todos lhe dirão que sou doido", afirma Yossarian.
"Isso é porque eles são doidos!"
"Então tire-os da escala de serviço!"
"Não posso. Porque é que não o pedem?..."
"Porque são doidos! É por isso!"
"Claro que são doidos. Não posso deixar que os doidos decidam se você é doido ou não."
"O Orr é doido?", pergunta Yossarian, referindo-se a um outro companheiro aviador.
"Claro que é. Ele tem que ser, escapa sempre por um triz e continua a voar", concorda o médico.
"Então porque não lhe dá baixa?"
"Não posso. Tem de ser ele a pedir!"
"É só isso que ele tem de fazer?!"
"É."
"Então depois pode dar-lhe a baixa?"
"Não. Depois, depois não posso dar-lha. Há um artigo."
"Um artigo?", pergunta Yossarian já em desespero.
"Sim. O Artigo 22, que diz que todo aquele que quiser ser retirado do combate, não é propriamente doido, por isso não lhe posso dar baixa", explica o médico.
"Deixe lá ver se percebi. Para ter baixa, só se for doido.
E devo ser doido se continuo a voar... Mas, se lhe pedir baixa, quer dizer que já não sou doido e tenho de continuar a voar!"
"É isso! É o Artigo 22"
"É cá um artigo, esse Artigo 22..."
"É o melhor que há!"

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